As “HR Techs”, empresas de tecnologia com soluções voltadas ao setor de Recursos Humanos, terão um papel cada vez mais relevante no apoio à gestão de pessoas em tempos pós-pandemia – especialmente pelo potencial de levantar informações e dados sobre a satisfação dos colaboradores, engajamento e produtividade.  De acordo com levantamento do Distrito Dataminer, o país conta hoje com 373 empresas voltadas para a área de recursos humanos – destas, 85,2% surgiram há menos de 10 anos.

O papel destas empresas no mundo afetado pela Covid-19 foi tema de debates na última semana durante o Ahgora Talks, evento online que reuniu CEOs e grandes líderes de empresas com foco em tecnologias para RH em Santa Catarina e que trouxe uma série de  insights sobre a revolução na maneira de gerenciar pessoas e equipes.

Atualmente, em função da crise de saúde pública, o principal questionamento é: qual é o papel da empresa no bem-estar físico e mental dos colaboradores? “Felicidade e saúde mental são os fatores primordiais para a produtividade dos colaboradores, e isso vem sendo impactado pela quarentena. Engajar as pessoas à distância e em um cenário de crise se torna ainda mais desafiador”, afirma Bruno Rodrigues, CEO da startup GoGood, especializada em tecnologia e bem-estar corporativo. Uma pesquisa desenvolvida pela empresa detectou um aumento da ansiedade e da infelicidade entre os colaboradores nos últimos meses, o que gerou pessoas com síndrome de burnout e depressão e, consequentemente, perda de produtividade e engajamento.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 47% das pessoas são sedentárias, 25% tem algum transtorno mental e 77% se alimentam mal. “Isso, com a pandemia, tende a aumentar. Por isso é preciso investir em ações que estimulem um cuidado ainda maior com o corpo e a mente antes que possíveis doenças se desenvolvam”, destacou Bruno.

Estudos da Willis Towers Watson revelam que, até 2030, o custo de saúde corporativa no Brasil vai aumentar 2,5 vezes. “Ter somente o plano de saúde no pacote de benefícios oferecidos pela empresa não será mais o suficiente. Se a empresa não cuidar do bem-estar do colaborador terá prejuízos altos”, explica.

INVESTIMENTO EM APRENDIZADO: MOTIVAÇÃO E ENGAJAMENTO 

Uma vez que a saúde do colaborador está garantida, é a vez de olhar para o processo de aprendizado, utilizando o avanço da tecnologia. Na opinião de Camilla Zerlotti, gerente de Desenvolvimento de Negócios na Enlizt, e Ana Elisa Althoff, especialista em experiência do usuário DOT Digital Group, o conhecimento é uma via de mão dupla. “Não só as empresas devem estimular e investir no aprimoramento de conhecimento de seus profissionais, mas estes também devem focar em como podem oferecer um valor diferenciado para seus  empregadores. Diferente do passado, hoje o foco é no conceito de “lifelong learning”, no qual trabalhamos para aprender inúmeras habilidades e seguir diversas carreiras”, afirma Camila.

“Trabalhadores de todos os setores precisam descobrir como podem se adaptar às mudanças rápidas das condições de trabalho, e as empresas precisam aprender a associar esses trabalhadores a novos papéis e atividades”, reforça Ana Althoff.

“Para ter um time engajado é preciso deixar pra trás processos antigos, como reuniões que poderiam ser e-mails, ou e-mails que poderiam ser um bate-papo via chat” – Bruno Soares, CEO da Feedz

É consenso que todos esses investimentos vão gerar mais motivação, engajamento e, consequentemente, melhorar o desempenho e o resultado dos colaboradores. Segundo João Romão, CEO da Mobiliza, especializada em treinamento online, um dos fatores essenciais e que influenciam para que a aprendizagem gere transformação é se a pessoa tem a competência e as ferramentas necessárias para alcançar determinado objetivo. O outro é se a pessoa quer trilhar esse caminho. “Precisa haver um motivo para a ação e persistência, pois a aprendizagem não ocorre em um evento único. Requer recorrência e intensidade“, explica Romão.

Para Bruno Soares, CEO da Feedz, plataforma voltada para o  engajamento de colaboradores, o desempenho nada mais é do que uma equação entre motivação versus habilidade, dividido pela interferência, ou tudo aquilo que não gera valor para o negócio. “Para ter um time engajado é preciso deixar pra trás processos antigos, como reuniões que poderiam ser e-mails, ou e-mails que poderiam ser um bate-papo via chat.  É preciso que todos saibam e se encantem com o seu propósito, que saibam o porquê do que estão fazendo”, pontua.

Na visão de Lázaro Malta, CEO da Ahgora, o evento trouxe um ponto principal de reflexão – é preciso olhar e ouvir o colaborador, suas necessidades, anseios, e investir no seu desenvolvimento. “O ‘novo normal’ requer que todos estejam em sintonia com seus objetivos e metas. Somente assim as engrenagens de qualquer empresa vão funcionar com a agilidade e rapidez que o momento necessita”, finaliza.